O Comércio Exterior em 2022 foi marcado por diversos eventos geopolíticos que influenciaram diretamente nos resultados obtidos.
O conflito entre Rússia e Ucrânia, os desdobramentos das medidas implementadas para combater o Covid-19 e a inflação global fizeram de 2022 um ano de muita imprevisibilidade, gerando grandes ameaças e oportunidades para os players do comércio internacional.
O cenário de imprevisibilidade tende a ser ainda maior para 2023, com diversos aspectos geopolíticos ainda sem desfecho, com potencial de impactar diretamente a cadeia global.
Vamos analisar aqui, juntos, um pouco mais das perspectivas do comércio exterior para o ano que vem.
Os principais órgãos econômicos globais projetam uma desaceleração do comércio global para 2023. Em todos eles há uma expectativa de crescimento, porém muito menor do que o projetado para 2022.
De acordo com as novas previsões da OMC, o PIB mundial deverá crescer 2,8% em 2022 e 2,3% em 2023 (1,0 ponto percentual a menos que a previsão anterior para este último valor).
Em comparação, a OCDE, que manteve sua previsão em 3% para 2022, anunciou recentemente que espera um crescimento de 2,2% no próximo ano. O FMI, por sua vez, espera um crescimento de 3,2% neste ano e de 2,9% em 2023.
O cenário econômico americano trará grandes desafios e oportunidades para o Comércio Exterior no Brasil, isso por conta da influência direta da política monetária do dólar na economia brasileira. Os EUA enfrentam hoje uma forte crise inflacionária e o FED (Sistema de Reserva Federal) estuda, com o mercado, quais ações adotar para conter esta questão. O movimento mais natural neste cenário é a elevação da taxa de juros, controlando melhor a oferta de financiamentos e preços, promovendo assim o controle inflacionário.
Na última reunião realizada pelo Comitê de Política Monetária do FED em setembro, já foi proposto uma taxa de 4,50% de juros para 2023, bem acima dos 1,00% até então programados.
Em cenário de taxas de juros elevadas, o risco de países endividados como o Brasil aumenta consideravelmente. O impacto direto para a importação brasileira é a desvalorização do real e aumento dos custos de aquisição de insumos. Já em se tratando das exportações, há uma janela de oportunidades pela valorização do dólar e pela queda geral de produtividade, como foi o caso do período janeiro-outubro de 2022, que cresceu 23% em relação a 2021.
O conflito ocorrido na Ucrânia foi sem dúvidas o principal evento geopolítico de 2022, pois causou inúmeros desdobramentos na economia global. O cenário para 2023 é ainda muito incerto e os principais analistas europeus alegam pessimismo quanto à resolução do conflito e encerramento da influência negativa do evento.
Ainda falando sobre os desdobramentos, espera-se agora que, com a chegada do inverno europeu, a crise energética do velho continente acabe sendo somada à crise inflacionária já enfrentada pelo velho continente, e que isso gere um cenário de pouca previsibilidade e muito pessimismo.
Em se tratando de Brasil, é importante estar atento à política monetária que será adotada pela União Europeia para combater essa inflação. Há, porém, uma continuidade de oportunidades para as exportações do país, devido à baixa produtividade da região, abrindo margem para um protagonismo maior do Brasil no mercado internacional de commodities.
A China é o principal parceiro econômico brasileiro no momento, logo todos os aspectos que envolvem o gigante asiático precisam ser analisados com atenção.
As políticas de combate ao Covid-19, à variante ômicron e os diversos lockdowns impostos por conta de novos surtos ao longo do ano de 2022 geraram uma insegurança no mercado, o que explica o desaceleramento das exportações chinesas.
No ano de 2022, de maneira inédita, Xi Jinping se reelegeu pela terceira vez. Por nunca ter ocorrido isso na história da China, este fator político coloca em xeque a influência cada vez mais provável do aspecto ideológico do governo chinês sobre os agentes econômicos, como uma maneira de se consolidar cada vez mais no poder.
Quanto maior o intervencionismo governamental, maior o risco para investidores, o que pode impactar nos níveis de comércio realizados pelo país asiático.
Este é mais um aspecto geopolítico que pode ter influência direta no Brasil.
Taiwan é conhecido como um polo produtivo para a indústria de eletrônicos mundial. Em 2022, o país recebeu ameaças de intervenção da China sob sua autonomia política, já que o país chinês alega que Taiwan é parte integrante de seu território.
Este conflito, caso se agrave, poderá gerar problemáticas econômicas e logísticas, uma vez que Taiwan está localizada em um ponto estratégico no tabuleiro geopolítico internacional.
Números do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) mostram que Taiwan é o 42º país que mais compra do Brasil: US$1,3 bilhão só em 2021, sendo 67% da demanda da ilha composta por grãos. Por isso, uma escalada no conflito teria impacto econômico considerável para o Brasil, devido a complicações logísticas. Inclusive, não só as relações comerciais são afetadas diretamente, mas também o fato de embarcações militares da China estarem navegando no mar de Taiwan, dificultam a passagem de navios comerciais.
Dentre os aspectos domésticos, o que tem maior teor de imprevisibilidade é a gestão fiscal que será realizada pelo novo governo eleito do Presidente Lula.
Com um viés mais intervencionista, o novo governo tende a alterar aspectos tributários, aduaneiros e a promover incentivos de financiamento à indústria, o que pode ser uma oportunidade no curto prazo para os importadores, principalmente.
A política fiscal adotada terá impacto direto no comércio exterior do país, sobretudo considerando o cenário de recessão mundial, inflação brasileira e, com o aumento dos juros nos EUA e Europa, a tendência é que haja uma valorização significativa do Euro e Dólar em relação ao Real.
O Agronegócio brasileiro tem tudo para consolidar a série histórica de crescimento do setor no cenário econômico internacional, assumindo uma posição de protagonismo ainda maior.
Isto muito por conta da baixa produtividade do setor na Europa e Estados Unidos. Aliado a isso, a questão monetária global poderá fazer com que a aquisição de commodities brasileiras seja ainda mais atrativa para investidores estrangeiros.
Além disso, a safra prevista para 2023 tende a ser a maior da história. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento, Conab, para a safra 22/23, é esperada uma produção de 150,3 milhões de toneladas, em consequência de uma recuperação de 21,2% frente à safra 21/22.
Atualmente, o país passa por uma mudança disruptiva nos processos aduaneiros de importação de mercadorias formais. O chamado Novo Processo de Importação tende a ter seus módulos mais avançados totalmente implementados em 2023, demandando ainda mais ações das empresas e facilitando todo o processo.
Os módulos de Catálogo de Produtos, Controle de Carga e Trânsito (CCT) e o Pagamento Centralizado do Comércio Exterior (PCCE) são as principais atualizações que deverão ser concluídas em 2023 e irão alterar diretamente a rotina do Comex.
No que se refere a 2023, é possível afirmar que o ano vindouro se mostra bastante promissor para o setor de exportação, pois a partir de 1º de janeiro passará a valer o regime de drawback na modalidade suspensão também para os serviços relacionados à logística de produtos destinados à exportação.
Podemos dizer ainda, que há também boas perspectivas para as empresas optantes pelo Simples Nacional, pois a Portaria Conjunta SECINT/RFB nº 76/2022 trouxe inovações importantes para este tipo de empresa; eis que, pela primeira vez, lhes será concedida a possibilidade de usufruir os benefícios do regime de drawback na importação.
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