Do campo ao navio: como funciona a logística do agronegócio?

O Brasil é um dos principais países produtores e exportadores de alimentos do mundo, e ano após ano o agronegócio brasileiro continua a bater recordes, seja nas suas produções ou em suas vendas externas. Quase metade das exportações brasileiras são compostas por produtos do agronegócio.

Nesse cenário, a logística desempenha um papel central, influenciando diretamente a competitividade do setor, pois, para que o Brasil mantenha e avance sua relevância no mercado internacional agro, os produtos precisam chegar aos seus destinos de forma eficiente e competitiva, e para isso é necessária uma logística bem estruturada.

Neste artigo, serão abordados os principais aspectos da logística do agronegócio brasileiro, como os modais de transportes utilizados e os desafios enfrentados pelo setor.

A importância da logística para a competitividade do agronegócio

No agronegócio, a logística é ainda mais relevante do que quando comparada a outros setores, pois muitos produtos são commodities, com baixo valor agregado e sensíveis a variações de custos.

Sem uma logística eficiente, o Brasil perde espaço para outros países produtores. Portanto, investir em infraestrutura, planejamento e gestão logística é parte do sucesso do agronegócio.

A logística do agronegócio: modais de transporte utilizados em território brasileiro

O cenário logístico brasileiro para o agronegócio é desafiador, pois o país conta com dimensões continentais e a matriz de transporte nacional é altamente dependente do modal rodoviário.

Em 2023, apenas 18,5% dos produtos agrícolas foram transportados por ferrovias, evidenciando a forte dependência do rodoviário. Embora o transporte rodoviário ofereça flexibilidade e acesso a diversas regiões, grandes produções muitas vezes enfrentam gargalos logísticos por conta de custos de frete e problemas relacionados às rodovias.

De acordo com estudos do Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial (ESALQ-LOG), ligado à USP, o país possui mais de 200 mil quilômetros de rodovias pavimentadas, cerca de 30 mil quilômetros de ferrovias (das quais apenas um terço opera comercialmente) e aproximadamente 20 mil quilômetros de hidrovias navegáveis.

Um estudo realizado pelo ESALQ-LOG em parceria com o United States Department of Agriculture (USDA), mostra que, em 2023, na logística da soja, principal produto exportado do Brasil:

Para a soja destinada ao mercado interno, mais de 98% das movimentações ocorreram por caminhões.

Ainda nesta análise referente a 2023, das cargas que chegaram aos portos brasileiros, 54% foram transportadas por caminhão, 33% por ferrovia e 13% por hidrovia.

Uma curiosidade abordada pelo ESALQ-LOG dentro do recorte de sua pesquisa é que, mesmo com a distância de aproximadamente 20 mil quilômetros entre o Brasil e o porto de Xangai na China, cerca de 70% do custo logístico total da operação de exportação está concentrado no transporte interno, do produtor até o porto brasileiro.

Principais portos e corredores logísticos

Entre os portos mais relevantes para o agronegócio estão Santos, Paranaguá e Rio Grande.

Outro corredor que vem ganhando destaque são os Portos do Arco Norte, que engloba terminais localizados nas regiões Norte e Nordeste. Em 2010, esse corredor representou 12% das exportações de grãos; em 2024, esse número subiu para 35%.

Os Portos do Arco Norte têm se consolidado como rota para o Mato Grosso, competindo com portos tradicionais, como o de Santos.

Leia também: Logística de Commodities: o que você precisa saber?

Modais de transporte na exportação do agronegócio

Os cinco produtos mais exportados pelo agronegócio brasileiro no primeiro semestre de 2025 (em valores FOB) têm como principal modal o marítimo:

No transporte marítimo, são utilizados diferentes tipos de embarcações e containers, de acordo com a natureza da carga e o volume transportado:

Os desafios na logística do agronegócio

Além da limitada diversificação dos modais de transporte, o agronegócio brasileiro enfrenta desafios nas estradas: rodovias precárias, longas distâncias e riscos de roubos.

Os portos brasileiros também apresentam gargalos. Muitos terminais não acompanharam o crescimento do volume de exportações agrícolas, operando frequentemente no limite de sua capacidade. Congestionamentos de navios também prejudicam o carregamento e a fluidez das operações, gerando atrasos e custos adicionais. Notícias sobre embarques atrasados devido a esses gargalos são comuns.

Outro desafio, conforme abordado na matéria do Globo Rural, é que a infraestrutura para armazenagem de grãos no Brasil não tem acompanhado o crescimento do agronegócio, tendência que tende a se agravar à medida que aumentam as áreas cultivadas e a produtividade.

Estima-se que o déficit de armazenagem de grãos no país alcance cerca de 120 milhões de toneladas nos próximos anos, aumentando a pressão sobre a logística.

Conclusão

A logística no agronegócio é fundamental para o sucesso e competitividade do setor, que representa uma parte significativa das exportações brasileiras.

Apesar dos gargalos em portos, modais e infraestrutura, é possível minimizar os desafios possuindo uma logística planejada, estruturada e ao lado de profissionais e fornecedores de serviços logísticos especializados.

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